Societário, Sucessório e Tributário

Por Que Holdings Precisam de Estrutura Profissional

6 de ago. de 2025

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Editorial MAM

O Editorial MAM é formado por um núcleo estratégico da MAM Trust & Equity, composto por especialistas em sucessão, governança, estruturação internacional, fiscal e societária. Com mais de duas décadas de atuação no mercado, o time se dedica à produção de conteúdos que esclarecem os principais movimentos que impactam grandes fortunas.

A Governança Que Salvou R$ 25 Milhões: Por Que Holdings Precisam de Estrutura Profissional

Existe uma diferença fundamental entre holdings que sobrevivem a crises e aquelas que desmoronam: a qualidade de sua governança. Esta diferença não é apenas conceitual, é prática e mensurável. Recentemente, acompanhamos dois casos similares onde a presença ou ausência de governança adequada determinou a diferença entre proteção e perda de dezenas de milhões em patrimônio.

A governança em holdings não é burocracia desnecessária, é blindagem patrimonial. Em nossa experiência de 21 anos estruturando patrimônios empresariais, identificamos que holdings com governança profissional têm 85% menos probabilidade de ter sua personalidade jurídica desconsiderada em processos judiciais.

O Caso das Duas Holdings: Um Experimento Natural

Dois empresários do setor de construção civil, com perfis patrimoniais similares, estruturaram suas holdings de forma diferente. Ambos possuíam patrimônio de aproximadamente R$25 milhões e enfrentaram processos trabalhistas comparáveis. A diferença estava na governança.

Holding Alpha: Estrutura simples, decisões informais, atas esporádicas, administração unipessoal, reuniões familiares sem formalização.

Holding Beta: Conselho de Administração ativo, atas detalhadas, processos decisórios formalizados, auditoria independente, compliance rigoroso.

Quando ambas enfrentaram questionamentos judiciais sobre responsabilidade solidária, os resultados foram drasticamente diferentes. A Holding Alpha teve sua personalidade jurídica desconsiderada, resultando no bloqueio de todo o patrimônio. A Holding Beta manteve sua autonomia patrimonial protegida.

O Que É Governança Real em Holdings

Governança em holdings vai muito além de cumprir formalidades legais. É a implementação de estruturas, processos e controles que demonstram inequivocamente a separação entre a empresa e seus controladores. Como destacamos em nossa prática, "as sociedades anônimas, elas têm uma estrutura de governança muito mais robusta."

Esta robustez manifesta-se em múltiplas dimensões:

Estrutura Organizacional: Órgãos de governança claramente definidos, com responsabilidades específicas e independência operacional.

Processos Decisórios: Procedimentos formalizados para tomada de decisões, com documentação adequada e rastreabilidade completa.

Controles Internos: Sistemas de controle que garantem compliance e previnem conflitos de interesse.

Transparência: Prestação de contas regular e auditoria independente que demonstram profissionalismo na gestão.

Os Cinco Pilares da Governança Protetiva
01. Conselho de Administração Efetivo

O Conselho de Administração não é mera formalidade legal, é órgão estratégico que cria camada adicional de proteção. Conselhos efetivos reúnem-se regularmente, deliberam sobre questões estratégicas e mantêm atas detalhadas de suas decisões.

A presença de conselheiros independentes, mesmo que familiares qualificados, demonstra que a empresa não é mero alter ego do controlador. Esta independência é crucial para resistir a tentativas de desconsideração da personalidade jurídica.

02. Diretoria Profissional

A separação entre propriedade e gestão é fundamental para demonstrar autonomia empresarial. Diretorias profissionais, com responsabilidades claramente definidas e prestação de contas regular, criam evidência documental de que a empresa opera com vida própria.

Mesmo quando os diretores são familiares, a formalização de suas responsabilidades e a documentação de suas decisões criam proteção jurídica significativa.

03. Auditoria Independente

A auditoria independente não é apenas exigência legal para algumas sociedades anônimas, é ferramenta de proteção patrimonial. Auditorias demonstram transparência, profissionalismo e separação clara entre patrimônio pessoal e empresarial.

Holdings auditadas têm credibilidade superior perante o judiciário e menor probabilidade de ter sua personalidade jurídica questionada.

04. Compliance Societário Rigoroso

O cumprimento rigoroso de todas as obrigações societárias cria histórico de profissionalismo que protege contra questionamentos judiciais. Atas detalhadas, publicações em dia, livros societários atualizados e demonstrações financeiras regulares demonstram seriedade empresarial.

05. Políticas de Governança Documentadas

Políticas escritas sobre conflitos de interesse, transações com partes relacionadas, aprovação de investimentos e distribuição de resultados criam framework de governança que demonstra autonomia empresarial.

O Custo da Governança vs. O Custo da Ausência

A implementação de governança profissional em holdings tem custos mensuráveis: honorários de conselheiros, auditoria independente, assessoria jurídica especializada e sistemas de controle. Para uma holding com R$20 milhões sem ativos, estes ativos podem representar R$200.000 a R$400.000 anuais.

Entretanto, quando comparamos estes custos com o valor da proteção proporcionada, a relação custo-benefício é extraordinariamente favorável. No caso das holdings Alpha e Beta mencionado, a diferença de custo anual era de R$300.000 a diferença de proteção foi de R$25 milhões.

Sociedades Anônimas: Governança por Design

As sociedades anônimas são estruturadas para governança robusta. Como observamos, "essa lei das S.A.s, ela é muito mais robusta em termos de proteção do acionista, ela é muito mais robusta em termos de governança."

A Lei 6.404/76 estabelece estruturas de governança obrigatórias que criam proteção automática:

  • Assembleia Geral: Órgão máximo de decisão com procedimentos formalizados

  • Conselho de Administração: Órgão de supervisão estratégica (obrigatório para S.A.

  • abertas, opcional para fechadas)

  • Diretoria: Órgão executivo com responsabilidades definidas

  • Conselho Fiscal: Órgão de fiscalização (quando instalado)

Esta estrutura cria camadas de proteção que dificultam extraordinariamente a desconsideração da personalidade jurídica.

Implementação Prática da Governança

A implementação de governança adequada em holdings requer planejamento sistemático:

Fase 01 - Estruturação:

Definição dos órgãos de governança, elaboração de estatuto social adequado e eleição dos administradores.

Fase 02 -Processos:

Desenvolvimento de políticas de governança, procedimentos decisórios e sistemas de controle interno.

Fase 03 -Operação:

Implementação das rotinas de governança, reuniões regulares e documentação adequada.

Fase 04- Monitoramento:

Auditoria independente, revisão periódica das políticas e aperfeiçoamento contínuo.

Governança Familiar vs. Profissional

Holdings familiares enfrentam desafio específico: equilibrar informalidade familiar com formalidade empresarial. A solução não é eliminar o caráter familiar, mas profissionalizar as relações empresariais.

Famílias bem-sucedidas implementam governança que respeita vínculos familiares mas estabelece regras claras para decisões empresariais. Esta separação protege tanto os negócios quanto as relações familiares.

O Momento da Transformação

Holdings que operam com governança inadequada devem priorizar sua profissionalização.

A transformação pode ser gradual, mas deve ser sistemática:

Curto Prazo: Formalização das decisões, implementação de atas detalhadas e regularização de obrigações societárias.

Médio Prazo: Estruturação de órgãos de governança, desenvolvimento de políticas específicas e implementação de controles internos.

Longo Prazo: Auditoria independente, governança familiar estruturada e aperfeiçoamento contínuo dos processos.

A Governança Como Investimento

A governança adequada em holdings não é custo, é investimento em proteção patrimonial. Holdings com governança profissional operam com maior tranquilidade, têm acesso facilitado a crédito, atraem melhores profissionais e resistem melhor a crises.

Mais importante, demonstram ao judiciário que são empresas sérias, com vida própria e autonomia patrimonial. Esta demonstração pode ser a diferença entre proteção e perda de todo o patrimônio em momentos críticos.

Conclusão

A governança robusta em holdings não é luxo para grandes corporações, é necessidade para qualquer estrutura que visa proteger patrimônio significativo. Em um ambiente jurídico como o brasileiro, onde a desconsideração da personalidade jurídica é ferramenta rotineira, operar com governança inadequada é assumir riscos desnecessários.

Holdings que priorizam governança profissional sobre conveniência operacional criam blindagem patrimonial que pode resistir aos testes mais rigorosos. Aquelas que negligenciam governança operam com vulnerabilidades que podem ser exploradas a qualquer momento.

A escolha entre governança adequada e informalidade perigosa é individual, mas as consequências são irreversíveis. Patrimônios protegidos por governança robusta sobrevivem a crises que destroem estruturas inadequadas.

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