Banking e Allocation
Como a Lealdade Excessiva a Provedores Pode Destruir Patrimônios Familiares
7 de out. de 2025

Editorial MAM
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O Editorial MAM é formado por um núcleo estratégico da MAM Trust & Equity, composto por especialistas em sucessão, governança, estruturação internacional, fiscal e societária. Com mais de duas décadas de atuação no mercado, o time se dedica à produção de conteúdos que esclarecem os principais movimentos que impactam grandes fortunas.
Como a Lealdade Excessiva a Provedores Pode Destruir Patrimônios Familiares
A lealdade é uma virtude admirável em relacionamentos pessoais, mas quando aplicada indiscriminadamente à gestão de provedores de serviços patrimoniais, pode se transformar em uma armadilha financeira devastadora. Um caso recente exemplifica dramaticamente este risco: uma família empresária de terceira geração, com patrimônio de R$ 150 milhões, descobriu que sua lealdade irrestrita a prestadores de serviços de longa data havia resultado em exposições fiscais e jurídicas que culminaram em contingências de R$ 8 milhões.
O dilema entre confiança pessoal e excelência técnica é um dos principais obstáculos para a otimização da gestão patrimonial. Existe naturalmente muita fidelidade com os prestadores de serviços, um "bem querer" que muitas vezes é pessoal, baseado em confiança construída ao longo de décadas. Esta lealdade, embora compreensível e até louvável em muitos contextos, pode se tornar uma barreira psicológica significativa para a avaliação objetiva da qualidade dos serviços prestados.
A situação se torna particularmente problemática quando o patrimônio familiar evolui em complexidade e tamanho, mas os provedores permanecem os mesmos. É comum encontrar famílias onde o contador é tecnicamente inadequado para as necessidades
atuais, mas permanece na função há 40 anos por ser "amigo do pai da família". O escritório dele cuida da família há décadas, criando uma relação de confiança que transcende a competência técnica. Situações similares são frequentemente observadas com gerentes de banco, advogados, corretores de seguros e outros prestadores que se tornaram praticamente membros estendidos da família.
A evolução das necessidades patrimoniais é um fator frequentemente negligenciado nesta equação. O que era adequado para uma determinada fase da jornada patrimonial pode não ser mais suficiente em estágios posteriores. Às vezes o patrimônio da família realmente chegou num tamanho que o prestador atual não consegue atender adequadamente. O contador pode não conseguir fazer um balanço BRGAP de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, nunca tendo feito isso antes. Ele pode não ser a pessoa mais segura para fazer uma compensação fiscal com impostos pagos numa estrutura contratual complexa.
Esta evolução natural das necessidades cria um descompasso crítico entre as competências do provedor atual, as necessidades presentes da família e as exigências futuras que surgirão com o crescimento, diversificação e transferência intergeracional do patrimônio. Quando este descompasso não é reconhecido e endereçado, o resultado é uma gestão patrimonial subótima, com riscos significativos de ineficiências, erros técnicos e oportunidades perdidas.
O nível de sofisticação do patrimônio vai demandando pessoas mais qualificadas, ou com qualificações mais específicas, que não atendem apenas aquela recorrência mais ordinária, mas assuntos mais extraordinários. Famílias com negócios operacionais, investimentos internacionais, coleções de arte ou estruturas societárias complexas necessitam de especialistas com conhecimentos muito específicos, cada um com seu escopo particular de atuação.
A realidade observada em muitas famílias, mesmo aquelas com patrimônio significativo, é de completa desorganização na gestão de provedores. Não há nenhuma organização mínima, como uma simples pasta no drive com informações de cada prestador, contratos e cartas de apresentação. A abordagem é puramente reativa: eventualmente surge um problema específico e a família procura o prestador de sempre, independentemente de sua competência para aquela questão particular.
Esta abordagem reativa e desorganizada resulta em contratos desatualizados ou desvantajosos, serviços redundantes ou com lacunas importantes, ausência de processos claros para cada tipo de demanda, falta de visibilidade sobre a qualidade e o custo-benefício dos serviços contratados, e relacionamentos baseados exclusivamente em confiança pessoal, sem avaliação técnica adequada.
O papel de um multifamily office como intermediário pode ser crucial para profissionalizar estas relações e facilitar processos de avaliação e, quando necessário, de transição. O multifamily office funciona como um "xerife" das famílias, intermediando a relação com prestadores e tornando o fluxo mais profissionalizado. Esta intermediação proporciona diversos benefícios: despersonalização das decisões, reduzindo o desconforto emocional associado à avaliação e potencial substituição de prestadores de longa data; avaliação técnica objetiva, permitindo análise baseada em critérios técnicos claros; gestão da transição quando necessário; e proteção do relacionamento familiar, preservando laços pessoais mesmo quando a relação profissional precisa ser encerrada.
O multifamily office muitas vezes é o "boi de piranha" nestes processos. Quando há necessidade de mudança, foi o multifamily office que decidiu, não a família diretamente. Isso acaba sendo um benefício significativo para quem tem acompanhamento profissional, pois preserva relacionamentos pessoais enquanto otimiza a gestão patrimonial.
A estruturação prévia da relação com provedores pode facilitar significativamente tanto processos de avaliação quanto eventuais transições. Quando um multifamily office inicia o atendimento de uma família, ele circula cartas de apresentação com todo o bloco de provedores, informa sobre o início do atendimento, obtém acessos para prestação de contas e extratos, estabelece rotinas com cada prestador, define pontos de contato mensais, agenda reuniões recorrentes e estabelece datas de coleta de dados.
Esta estruturação cria uma base sólida para avaliação objetiva, estabelecendo métricas claras e expectativas documentadas; facilita a comparabilidade entre diferentes provedores; permite transições suaves quando necessárias, com toda documentação e processos organizados; e reduz a dependência de conhecimento tácito ou relacionamentos pessoais.
Para famílias sem acesso a um multifamily office, é essencial implementar pelo menos uma versão simplificada desta estruturação. Isso inclui designar um membro da família como coordenador de provedores, estabelecer responsabilidades e autoridade claras, criar sistemas simples de documentação e acompanhamento, e buscar orientação externa quando necessário.
A lealdade excessiva a provedores de serviços, sem avaliação técnica adequada, representa um risco patrimonial concreto e mensurável. A transformação desta abordagem, de relacionamentos puramente pessoais para parcerias profissionais baseadas em valor, é essencial para a preservação e o crescimento patrimonial sustentável. O custo da inação pode ser medido não apenas em milhões de reais perdidos, mas também em oportunidades desperdiçadas e riscos desnecessários assumidos ao longo dos anos.
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