Banking e Allocation

Por que seu Private Banking não está funcionando?

22 de jul. de 2025

Escrito por

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Rafael Bastos

CEO | MAM Trust & Equity

Rafael Bastos é CEO da MAM Trust & Equity e atua há mais de 21 anos na estruturação e proteção de grandes patrimônios. Especialista em sucessão, governança e internacionalização, conduz decisões estratégicas com discrição, rigor técnico e visão de continuidade.

Por Que Seu Private Banking Não Está Funcionando

Você paga taxas premium, tem acesso "exclusivo" e recebe relatórios sofisticados todos os meses. Mas quando analisa friamente os resultados, algo não fecha. Seu patrimônio não está crescendo como deveria, você não se sente verdadeiramente atendido e, pior ainda, suspeita que está sendo direcionado para produtos que beneficiam mais a instituição do que você.

Se essa situação soa familiar, você não está sozinho. A realidade é que o modelo tradicional de private banking - tanto onshore quanto offshore - tem falhas estruturais que prejudicam sistematicamente os clientes mais sofisticados. E aqui reside uma confusão fundamental que observamos constantemente: a diferença entre ter e não ter um family office na relação com o private.


A Confusão Entre Private Banking e Family Office

Muitos clientes ultra-high net worth confundem o papel do private banking com o de um family office, especialmente quando os bancos adotam um discurso que sugere serem "parceiros estratégicos" ou "consultores patrimoniais". Esta confusão não é acidental - ela é cultivada pelos próprios bancos para justificar suas taxas e manter clientes cativos.

A diferença fundamental é hierárquica e de alinhamento de interesses. O family office está do lado do cliente nas negociações. Somos a própria família, representando exclusivamente seus interesses. O private bank, por outro lado, é um prestador de serviços que deve ser coordenado e supervisionado, não quem coordena.

Como multi-family office, nossa função é coordenar toda a base de prestadores de serviços da família, incluindo private banks onshore e offshore, gestores independentes, family offices single, consultores tributários e demais profissionais especializados. Nunca seremos um banco, porque nossa lealdade é exclusivamente com a família, não com produtos financeiros ou metas comerciais.



A Ilusão do Atendimento Exclusivo

O primeiro problema do private banking tradicional é a ilusão de exclusividade, tanto no Brasil quanto em jurisdições offshore como Suíça, Singapura ou Mônaco. Você acredita ter um gerente dedicado, mas a realidade é que esse "gerente exclusivo" atende dezenas ou até centenas de clientes simultaneamente.

A matemática é implacável: para que um banco seja lucrativo oferecendo private banking, cada gerente precisa gerar receita suficiente para cobrir seu salário, os custos operacionais da estrutura, compliance regulatório e ainda gerar lucro substancial para a instituição. Isso significa que, independentemente do que o marketing sugere, você está compartilhando a atenção do seu gerente com muitas outras pessoas.

Em jurisdições offshore, essa pressão é ainda maior. Um gerente em Genebra ou Singapura tem custos operacionais significativamente superiores aos do Brasil, mas precisa atender um número similar de clientes para manter a rentabilidade do banco. O resultado é um atendimento padronizado disfarçado de personalização sofisticada.

Você recebe as mesmas recomendações que outros clientes com perfil similar, baseadas em produtos que o banco precisa vender globalmente, não necessariamente no que é melhor para sua situação específica como residente fiscal brasileiro com patrimônio internacional.



O Conflito de Interesse Estrutural

Aqui está o problema fundamental que a maioria dos clientes de private banking não compreende completamente: seu gerente, por mais querido que seja, não trabalha para você. Ele trabalha para o banco. Isso é um fato. E os interesses do banco - seja ele brasileiro, suíço ou de qualquer outra jurisdição - nem sempre estarão alinhados com os seus.


A Pressão por Produtos Próprios

Bancos ganham exponencialmente mais dinheiro vendendo produtos próprios do que produtos de terceiros. Um fundo de investimento do próprio banco gera taxas de administração, performance e, algumas vezes, taxas de entrada e saída. Um produto de terceiro gera apenas uma pequena comissão de distribuição em contraponto.

Esta pressão é particularmente intensa em private banks offshore, onde os produtos estruturados podem ter margens de lucro de 3% a 8% anuais para o banco. Isso cria uma pressão constante para que seu gerente recomende produtos da casa, mesmo quando existem alternativas superiores no mercado global.

Você pode estar perdendo rentabilidade significativa simplesmente porque seu gerente tem metas trimestrais de venda de produtos específicos. Em nossa experiência auditando carteiras de private banking, encontramos regularmente situações onde clientes poderiam ter performance 1% a 3% superior anualmente simplesmente evitando produtos com estruturas de custos excessivas.


A Armadilha da Rotatividade

A rotatividade de gerentes em bancos é estruturalmente alta, especialmente em jurisdições offshore onde a competição por talentos é intensa. Isso significa que, regularmente, você precisa recomeçar o relacionamento do zero, explicar novamente seus objetivos e preferências, e torcer para que o novo gerente compreenda sua situação tão bem quanto o anterior.

Cada mudança de gerente é uma oportunidade para o banco "revisar" sua carteira e sugerir mudanças que, coincidentemente, sempre envolvem produtos mais lucrativos para a instituição. É um ciclo vicioso onde sua estabilidade patrimonial fica subordinada à instabilidade operacional do banco.



A Limitação do Universo de Produtos

Private bankings tradicionais, mesmo os mais sofisticados offshore, trabalham com um universo artificialmente limitado de produtos. Mesmo quando oferecem "acesso a produtos de terceiros", essa seleção é filtrada pelos interesses comerciais e acordos de distribuição do banco.


O Que Você Não Vê

Existem milhares de oportunidades de investimento nos mercados brasileiro e internacional que nunca chegam até você através do seu private banking. Fundos exclusivos de gestores independentes, investimentos estruturados inovadores, oportunidades de private equity em mercados emergentes, investimentos imobiliários sofisticados em jurisdições específicas - muitas dessas alternativas são simplesmente ignoradas porque não se encaixam no modelo de distribuição do banco.

Um exemplo concreto: enquanto seu private bank offshore oferece acesso a "fundos globais", frequentemente estes são apenas os fundos com os quais o banco tem acordos comerciais. Os melhores gestores independentes, que muitas vezes superam consistentemente os produtos bancários, podem estar completamente fora do seu alcance.



A Padronização Disfarçada

Embora seu private banking fale em "soluções personalizadas", a realidade é que trabalham com um cardápio limitado de opções pré-aprovadas. É como ir a um restaurante que promete "pratos personalizados" mas só tem cinco ingredientes na cozinha.

Sua situação pode ser única - você pode ter necessidades específicas de hedge cambial, exposição a mercados emergentes, ou estruturas sucessórias complexas - mas a solução oferecida será sempre uma variação dos mesmos produtos básicos que o banco oferece para todos os clientes com patrimônio similar.



A Questão da Performance Real

Aqui está uma pergunta que todo cliente de private banking deveria fazer, mas poucos fazem: qual é a performance real da minha carteira, descontadas todas as taxas, comparada com benchmarks relevantes e ajustada para o risco assumido?


A Maquiagem dos Relatórios

Relatórios de private banking são mestres em maquiar a realidade através de técnicas sofisticadas de apresentação. Eles mostram performance bruta, comparam com benchmarks inadequados, destacam os investimentos que foram bem minimizando aqueles que foram mal, e frequentemente omitem custos indiretos significativos.

Quando você faz a conta real - performance líquida, descontadas todas as taxas diretas e indiretas, comparada com índices relevantes e ajustada para volatilidade - frequentemente descobre que está pagando caro para ter uma performance medíocre ou até inferior a estratégias passivas simples.

Em nossa experiência auditando carteiras de private banking offshore, encontramos casos onde clientes pagavam o equivalente a 4% a 6% anuais em custos totais (incluindo custos ocultos de produtos estruturados) para obter performance inferior a um portfólio diversificado de ETFs globais.



O Custo Real da "Sofisticação"

Produtos "sofisticados" oferecidos por private bankings frequentemente têm estruturas de custos deliberadamente complexas que são difíceis de compreender. Taxas de administração, performance, entrada, saída, custódia, câmbio, estruturação - quando você soma tudo, pode estar pagando 3%, 4% ou até mais por ano em custos totais.

Para justificar esses custos, seus investimentos precisariam superar consistentemente o mercado por uma margem significativa. A realidade é que poucos gestores conseguem fazer isso de forma sustentável, especialmente depois de descontados todos os custos.



A Falta de Transparência Real

Private bankings tradicionais operam com uma transparência seletiva calculada. Eles são transparentes sobre o que convém e deliberadamente opacos sobre o que não convém.


O Que Não é Contado

Quanto eles ganham exatamente com cada produto que vendem para você

Quais são as alternativas superiores que eles não estão oferecendo

Como sua performance se compara com estratégias mais simples e baratas

Quais são os conflitos de interesse específicos em cada recomendação

Como as mudanças regulatórias podem afetar seus investimentos


A Linguagem da Confusão

A linguagem técnica muitas vezes excessivamente complexa também não é acidental. Ela serve para criar uma barreira artificial entre você e a compreensão real do que está acontecendo com seu dinheiro. Quanto menos entendemos, mais dependente ficamos e menos questionamentos fazemos sobre performance e custos.


O Papel do Family Office na Coordenação

É aqui que entra o papel fundamental de um family office independente. Nossa função não é substituir o private banking, mas coordená-lo de forma que ele trabalhe efetivamente a seu favor.


Supervisão Ativa

Um family office independente supervisiona ativamente a performance de todos os prestadores de serviços, incluindo private banks. Isso significa análise regular de custos versus benefícios, benchmarking de performance, e negociação de condições mais favoráveis.

Quando você tem um family office coordenando seus relacionamentos bancários, os bancos sabem que estão sendo monitorados por profissionais que entendem profundamente o mercado. Isso muda completamente a dinâmica do relacionamento.



Acesso Ampliado

Um family office independente tem acesso a um universo muito mais amplo de oportunidades de investimento. Não estamos limitados aos produtos de uma única instituição ou aos acordos comerciais de um banco específico.

Podemos acessar gestores independentes de alta qualidade, oportunidades de private equity exclusivas, investimentos diretos em real estate internacional, e estruturas sofisticadas que simplesmente não estão disponíveis através de canais bancários tradicionais.


Alinhamento de Interesses

Mais importante ainda, um family office independente tem seus interesses completamente alinhados com os seus. Não vendemos produtos, não temos metas comerciais, e nossa remuneração não depende de você aderir a investimentos específicos.

Nossa única métrica de sucesso é o crescimento sustentável do patrimônio das nossas famílias e a otimização das suas estruturas patrimoniais como um todo



Os Sinais de Que Seu Private Banking Não Está Funcionando

Sinal 1: Sua carteira não supera consistentemente benchmarks simples, mesmo pagando taxas premium. Pior ainda, quando você faz a análise de performance ajustada ao risco, descobre que está assumindo volatilidade desnecessária para obter retornos medianos, ou

Sinal 2: As sugestões que você recebe poderiam se aplicar a qualquer cliente com perfil similar. Não há personalização real baseada em suas necessidades específicas, objetivos familiares únicos, ou situação tributária particular, ou

Sinal 3: Você sente pressão constante para aderir a novos produtos ou "oportunidades exclusivas" que sempre parecem ter prazos apertados e benefícios que não ficam claros após análise detalhada, ou

Sinal 4: Você não consegue entender claramente quanto está pagando em taxas totais ou como sua performance é calculada. Os relatórios são sofisticados mas não respondem às perguntas fundamentais sobre custos e performance líquida, ou

Sinal 5: Você já teve múltiplos gerentes e precisa constantemente recomeçar o relacionamento, perdendo continuidade na gestão do seu patrimônio, ou

Sinal 6: Seu private bank não se coordena adequadamente com seus outros prestadores de serviços (contadores, advogados, corretores), criando ineficiências e oportunidades perdidas.


A Importância do Diagnóstico Independente

Antes de tomar qualquer decisão sobre mudanças na gestão do seu patrimônio, é fundamental ter uma visão clara e independente da sua situação atual. Um diagnóstico patrimonial abrangente pode revelar oportunidades significativas de otimização que você pode estar perdendo.

Este diagnóstico deve incluir análise detalhada de performance versus benchmarks relevantes, auditoria completa de custos diretos e indiretos, avaliação da adequação dos produtos à sua situação específica, e identificação de gaps na sua estratégia patrimonial global.

Muitas vezes, pequenos ajustes na coordenação entre prestadores de serviços podem gerar impactos significativos na performance líquida e na eficiência tributária da sua estrutura patrimonial.


A Estratégia de Múltiplos Private Banks

Uma estratégia que observamos entre famílias ultra-sofisticadas é a utilização de múltiplos private banks, cada um especializado em aspectos específicos da gestão patrimonial. Esta abordagem oferece diversificação de risco operacional, acesso a diferentes universos de produtos, e poder de negociação superior.

Especialização por Jurisdição

Diferentes bancos têm vantagens competitivas em diferentes jurisdições. Um banco suíço pode ser superior para gestão de patrimônio europeu, enquanto um banco de Singapura pode ter melhor acesso a oportunidades asiáticas, e um banco americano pode oferecer produtos mais sofisticados para o mercado norte-americano.

Diversificação de Risco

Manter todo o patrimônio em uma única instituição cria concentração de risco desnecessária. A diversificação entre múltiplas instituições sólidas oferece proteção adicional e flexibilidade operacional.

Poder de Negociação

Quando você tem relacionamentos com múltiplos bancos, cada um sabe que está competindo pelos seus recursos. Isso resulta em condições mais favoráveis, acesso a oportunidades exclusivas, e atendimento de maior qualidade.



O Modelo Alternativo: Coordenação Independente

O modelo mais eficiente para famílias ultra-high net worth não é abandonar completamente o private banking, mas coordená-lo através de um family office independente que atua como seu representante exclusivo.


As Vantagens da Coordenação Independente

Alinhamento Total de Interesses: O family office independente só ganha quando você ganha. Não há pressão para vender produtos específicos ou atingir metas comerciais de terceiros.

Universo Ilimitado: Acesso a todo o universo de investimentos disponíveis globalmente, não apenas aos produtos de instituições específicas.

Transparência Absoluta: Custos claros, performance real e explicações honestas sobre estratégias e resultados, sem conflitos de interesse.

Atenção Verdadeira: Com menos famílias por profissional, você recebe atenção genuinamente personalizada e coordenação sofisticada entre todos os prestadores de serviços.

Expertise Independente: Conhecimento profundo tanto de private banking onshore quanto offshore, sem viés comercial para nenhuma instituição específica.


O Que Muda na Prática

Com coordenação independente, as recomendações são baseadas exclusivamente no que é melhor para sua situação patrimonial global. Se a melhor opção for manter relacionamentos bancários existentes com pequenos ajustes, é isso que será recomendado. Se for necessária uma reestruturação completa, ela será explicada em detalhes para que você possa tomar uma decisão completamente informada.

O family office atua como seu representante nas negociações com bancos, garantindo que você obtenha as melhores condições possíveis e que todos os prestadores de serviços trabalhem de forma coordenada para otimizar sua estrutura patrimonial global.


A Decisão Que Define o Futuro

A escolha entre continuar operando de forma fragmentada com private bankings tradicionais ou implementar coordenação independente através de um family office não é apenas sobre performance financeira. É sobre ter controle real sobre seu patrimônio e tomar decisões baseadas exclusivamente em seus interesses familiares.

Famílias verdadeiramente sofisticadas reconhecem que ter um coordenador independente frequentemente resulta em melhores resultados do que depender exclusivamente de instituições com conflitos de interesse estruturais. A coordenação profissional permite otimizar relacionamentos bancários existentes enquanto identifica oportunidades que você pode estar perdendo.



Nosso diagnóstico de banking e allocation oferece uma audiotria independente completa dos seus relacionamentos bancários e estratégias de investimentos, revelenado oportunidades significativas de otimização que você pode estar perdendo.

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